quarta-feira, 28 de julho de 2010

Autores: Leminski

Eu Queria Tanto

eu queria tanto
ser um poeta maldito
a massa sofrendo
enquanto eu profundo medito

eu queria tanto
ser um poeta social
rosto queimado
pelo hálito das multidões

em vez
olha eu aqui
pondo sal
nesta sopa rala
que mal vai dar para dois

A Lua no Cinema


A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!

Dança da Chuva


Senhorita chuva
Me concede a honra
Desta contra dança
E vamos sair por estes campos
O som desta chuva
Que cai sobre o teclado



Eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora

quem esta por fora
não segura
um olhar que demora

de dentro do meu centro
este poema me olha.

Leminski é o cara, o que ele consegue fazer com as palavras...quem derá uma dia serei marginal, e deixarei de pertencer a estes mediocres!

2 comentários:

Jorge Ferreira disse...

Leminski é muito bom...

Barbara Teodosio disse...

ele é extraordinário

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