quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Conto: Vida passante no lavar das roupas...

Vida passante no lavar das roupas...

Resolverá deixar as roupas sujas. Para pensar um pouco nos anos passados, coisa que não fazia à tempos...Então em um surto revelador deu-se conta da vida passante.

Ali apoiada nas paredes de barro com olhos secos de horizontes, só enxergava o chão preso a seus pés. Seus lábios não sentiam sede, estavam rachados de espera. Sua pele ainda era sensível as dores, as punhaladas dadas ao acaso, só sentia a vida pelos desgostos... Sentiu pena de si...

Lembrou-se das roupas sujas, ali jogadas e fedidas de suor, tinha que terminar de lavá-las, para depois suar em seu trabalho digno e integro de miserável brasileira, e assim poder ganhar sua cesta de fome.

Era um dia quente, assim como todos os dias, perfeito para as roupas secarem, concluiu ela, e parar pra pensar não é algo que caiba mais em sua vida, afinal geladeira vazia cria vazios maiores que os da alma.

Pegou suas roupas desbotadas e as pendurou no varal de arame farpado do quintal realista da pobreza da vida.

 Barbara Teodosio

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Autores: Mario Quintana

Mentiras

Lili vive no mundo do Faz de Conta... Faz de conta que istó é um avião. Zzzzuuu...Depois aterissou em piquê e virou trem. Tuc tuc tuc tuc... entrou pelo túnel, chispando. Mas debaixo da mesa havia bandidos. Pum! Pum! Pum! O trem descarrilou. e o mocinho? Onde é que está o mocinho?  Meu Deus! Onde é que está o mocinho?! No auge da confusão, levaram Lili para a cama, à força. e o trem ficou tristemente derribado no chão, fazendo de conta mesmo que era uma lata de sardinha.

Mario Quintana

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pequenos Contos de: Ana das Mãos Aos Pés

O destino marcou suas mãos, dizia a cigana a Ana, naquele fim de tarde.
Porém os pés, assim pensava Ana, eles eram livres ao acaso.
Decidirá amputar as mãos que cismavam em agarrar as coisas destinadas;
e sair descalça correndo por entre os pedregulhos das possibilidades, calejando sua nova e pura carne.


Barbara Teodosio

Num pedacinho de terra,beleza sem par...