Vida passante no lavar das roupas...
Resolverá deixar as roupas sujas. Para pensar um pouco nos anos passados, coisa que não fazia à tempos...Então em um surto revelador deu-se conta da vida passante.
Ali apoiada nas paredes de barro com olhos secos de horizontes, só enxergava o chão preso a seus pés. Seus lábios não sentiam sede, estavam rachados de espera. Sua pele ainda era sensível as dores, as punhaladas dadas ao acaso, só sentia a vida pelos desgostos... Sentiu pena de si...
Lembrou-se das roupas sujas, ali jogadas e fedidas de suor, tinha que terminar de lavá-las, para depois suar em seu trabalho digno e integro de miserável brasileira, e assim poder ganhar sua cesta de fome.
Era um dia quente, assim como todos os dias, perfeito para as roupas secarem, concluiu ela, e parar pra pensar não é algo que caiba mais em sua vida, afinal geladeira vazia cria vazios maiores que os da alma.
Pegou suas roupas desbotadas e as pendurou no varal de arame farpado do quintal realista da pobreza da vida.
Barbara Teodosio
3 comentários:
O suor, o cheiro e a lembrança escorrem ao esgoto! No final de contas nos dutos da cidade, encontramos uma baú das mais sórdidas lembranças!
Gostei, eu faria propaganda no face!
muito foda !
Muito bom!!!
Orgulhoso de vc!
Postar um comentário