domingo, 3 de abril de 2011

Nas curvas da corcunda...

Talvez o peso da incompetência humana esteja em suas costas,
nesta suja carne calejada que se encurva ao ajoelhar-se ao chão.
Não há nada de santo nestes joelhos dobrados.
A dignidade escondida nas sacolas pretas em que caças a sobrevivência de um dia a mais,
não é bela,
nem exemplo.
Ao menos aos ladrões e assassinos resta o nobre ato da ira,
da revolta,
e da luta!
Isto também não é exemplar,
mas incomoda estes cristãos puros das missas aos domingos,
diferente de tu, sujo corcunda, que só limpa a miséria humana de seus restos supérfluos.
Tenho leve paixão pelas marginais ondas do rio querido Brecht!



Barbara Teodosio


"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem" de Bertolt Brecht

1 comentários:

Sula disse...

Brecht, nossa. Ficou excelente. Gostei.

Ótimo final de semana querida.

Grande beijo!

Postar um comentário